As cerca de 90 espécies do gênero Bugula representam alguns dos briozoários mais conhecidos pela ciência e público em geral, sendo encontradas no mundo inteiro. Grande parte da familiaridade do público com estes animais se deve ao complexo de espécies Bugula neritina, formado por três linhagens morfologicamente muito semelhantes e quase indistinguíveis, mas que podem ser detectadas geneticamente. O que tornou esta espécie tão conhecida é que uma das linhagens abriga bactérias que produzem uma classe de substâncias que têm potencial anticancerígeno e para tratamento da doença de Alzheimer. Pesquisadores ligados ao CEBIMar investigaram a validade das características morfológicas usadas para definir o gênero Bugula, em um estudo publicado na revista Zoologica Scripta em fevereiro de 2015. Após as análises evolutivas, eles puderam determinar que o gênero, tal como proposto originalmente em 1815, englobava quatro gêneros: Bugula sensu stricto, Bugulina, Crisularia e um gênero novo, que eles denominaram de Virididentula.

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O Filo Bryozoa é representado por invertebrados aquáticos, majoritariamente marinhos, bentônicos e coloniais, formados por zooides que podem variar de acordo com as funções biológicas que executam na colônia. Embora os zooides sejam encerrados por uma cutícula como se fossem "caixinhas", eles permanecem conectados entre si através de poros. Esses animais são filtradores por suspensão e retiram da coluna de água o alimento necessário por meio de uma estrutura tentacular especializada, o lofóforo.

As cerca de 90 espécies do gênero Bugula representam alguns dos briozoários mais conhecidos pela ciência e público em geral, sendo encontradas no mundo inteiro. Embora as espécies de Bugula sejam mais abundantes em águas rasas tropicais e temperadas, algumas ocorrem no Ártico e na Antártica, e até mesmo em águas profundas.

Grande parte da familiaridade do público com estes animais se deve ao complexo de espécies Bugula neritina, formado por três linhagens morfologicamente muito semelhantes e quase indistinguíveis, mas que podem ser detectadas geneticamente, possuem diferentes padrões de distribuição ao redor do mundo e distintas simbioses bacterianas. O que tornou esta espécie tão conhecida é que uma das linhagens abriga bactérias que produzem uma classe de substâncias que têm potencial anticancerígeno e para tratamento da doença de Alzheimer.

Em Biologia, a Taxonomia e a Sistemática têm sido cada vez mais desafiadas e confrontadas com técnicas de Biologia Molecular, propiciando aos pesquisadores uma nova ferramenta para classificar os organismos vivos e fósseis. Sendo assim, classificações tradicionais têm sido frequentemente alteradas com base em análises moleculares. As principais características morfológicas utilizadas pelos pesquisadores para classificar as espécies dos briozoários no gênero Bugula incluem aviculário pedunculado com forma de "cabeça de pássaro", embriões gerados em zooides especializados globulares, e ramos compostos por duas séries ou mais de zooides.

Através do apoio do CEBIMar, NP-BioMar e CEM/UFPR, e com financiamento do CNPq, FAPESP e Smithsonian Marine Station, pesquisadores da UFPR, UFPE, USP, Smithsonian Marine Station e Oxford University Museum of Natural History investigaram a validade das características morfológicas usadas para definir o gênero Bugula, em um estudo publicado na revista Zoologica Scripta em fevereiro de 2015. Para isso, eles sequenciaram o DNA de segmentos de dois genes mitocondriais e os utilizaram para reconstruir os relacionamentos evolutivos entre distintas espécies de Bugula.

Após as análises evolutivas, eles puderam determinar que o gênero Bugula, tal como proposto originalmente em 1815, englobava quatro gêneros: Bugula sensu stricto, Bugulina, Crisularia e um gênero novo, que eles denominaram de Virididentula. O mais interessante é que Bugulina e Crisularia foram gêneros instituídos em 1848, sendo invalidados por pesquisadores no início do Século 20 com base em observações de morfologia.

Este estudo é um bom exemplo de que as ferramentas de Biologia Molecular não servem apenas para contradizer os estudos que utilizaram morfologia para classificar os organismos. Neste caso, as sequências de DNA serviram para resgatar observações morfológicas meticulosas da metade do Século 19! E, apesar de terem detectado os quatro gêneros com base em dados moleculares, os pesquisadores só puderam ter certeza de sua decisão taxonômica porque utilizaram técnicas de microscopia ótica e de varredura para determinar características morfológicas mais refinadas para definir cada um deles.

Veja imagens de Bugula em no Cifonauta: Banco de Imagens de Biologia Marinha