Estudo caracteriza áreas profundas pouco conhecidas da costa da Paraíba e enfatiza a importância de trabalhos dessa natureza para o entendimento das comunidades recifais ao longo da plataforma brasileira.
Estudos sobre ecologia de ecossistemas recifais são geralmente realizados em profundidades rasas (< 30m) fazendo com que ambientes mais profundos (chamados recifes mesofóticos) sejam muitas vezes desconhecidos. Isso ocorre pelas dificuldades logísticas e financeiras, uma vez que para acessar tais profundidades se faz necessário a utilização de submersíveis remotos ou mergulhos técnicos. Assim, pesquisadores da UFPB e USP desenvolveram um sistema de filmagem de baixo custo que permite a coleta de dados sobre comunidades recifais em áreas rasas e mesofóticas.


Os resultados desse estudo-piloto demonstraram que a metodologia é eficiente em caracterizar a comunidade de peixes recifais encontrados ao longo de um extenso gradiente de profundidade. O estudo mostrou que com o aumento da profundidade há uma clara substituição do grupo dos herbívoros e invertívoros por planctívoros e piscívoros, principalmente abaixo dos 50 metros. Por esta razão, sugeriu-se que o limite de ruptura entre áreas rasas e mesofóticas está muito mais relacionado com características do habitat do que com o limite dos 30 metros de profundidade amplamente reconhecido.
Informações a respeito da distribuição dos grupos ao longo de um gradiente de profundidades são de fundamental importância para o desenvolvimento de estratégias de conservação, manejo de espécies comercialmente exploradas, e delimitação de áreas marinhas protegidas eficazes de fato. O desenvolvimento dessas metodologias de baixo custo torna-se vital para o avanço no conhecimento sobre os ambientes mesofóticos, os quais são áreas produtivas e de grande interesse da pesca.


Veja o vídeo: Vídeo 360 - nova metodologia para estudo da biodiversidade em recifes rasos e profundos
Leia o artigo completo: Silva, M.B.; Rosa, R.S.; Menezes, R.; Francini-Filho, R.B. (2021) Changes in reef fish assemblages in a cross-shelf euphotic-mesophotic gradient in tropical SW Atlantic. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 259, 30 Sep. 2021, article 107465.
Marianna Barbosa da Silva concluiu o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) da UFPB, sob a orientação dos professores Ronaldo Bastos Francini-Filho e Ricardo de Souza Rosa, no qual trabalhou com a avaliação do uso dos diferentes habitats por peixes recifais ao longo do gradiente cross-shelf. É mestre em Ecologia e Monitoramento Ambiental pela UFPB e graduada pela UFRJ.
Rafael Menezes é graduado em Ecologia e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) pela UFPB, com orientação do Prof. Dr. Ronaldo Francini Filho, onde trabalhou com saúde do coral endêmico do Brasil Mussismilia hispida. Atualmente é doutorando pelo mesmo programa cuja tese é focada na ecologia populacional do dentão (Lutjanus jocu) no Brasil, com orientação dos professores Dr. Ricardo Rosa e Dr. Cristiano Albuquerque.