Interações entre indivíduos estão presentes em todos os grupos de seres vivos e são importantes para manter o funcionamento de um ambiente. Em ecossistemas recifais, a diversidade de organismos possibilita uma diversidade de interações, geralmente associadas à alimentação. Uma delas é denominada interação nuclear-seguidor, onde um peixe nuclear revolve o fundo em busca de comida enquanto outro peixe, o seguidor, se beneficia dos alimentos expostos. Apesar de ser uma interação oportunista, as interações nucleares-seguidores podem indicar importantes características dos peixes e do ambiente em que vivem.
Neste estudo, buscamos entender como as interações nucleares-seguidores funcionam em três ilhas oceânicas do Brasil – Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Atol das Rocas e Arquipélago de Fernando de Noronha – e quais aspectos individuais e ambientais influenciam essas interações. Para registrar as interações, utilizamos a observação direta e observação por vídeo para avaliar quais espécies interagem, e com que frequência.
Depois, classificamos essas espécies quanto a seu grupo trófico, período de atividade e formação de cardume. Por fim, utilizamos redes de interações (networks) para melhor compreender como os nucleares e seguidores interagem.
O que encontramos
Observamos que em locais onde há menos peixes e menos alimento as interações nucleares e seguidores são mais frequentes do que em lugares onde há mais peixes e mais alimentos.
É como quando você está em uma cidade pequena, onde há poucas opções de lanchonete, e você costuma ir com maior frequência em cada lanchonete do que você iria caso tivesse mais opções. Isso nos faz pensar que, apesar de ser uma interação oportunista, a relação entre nucleares e seguidores contribui para que os peixes complementem sua alimentação e consigam sobreviver em lugares com alimento escasso.
Para ler o trabalho completo, acesse:
https://link.springer.com/article/10.1007/s10641-019-00924-0
Inagaki, K.Y., Mendes, T.C., Quimbayo, J.P. et al. Environ Biol Fish (2019). https://doi.org/10.1007/s10641-019-00924-0
Texto: Kelly Y. Inagaki; Fotos: Juan Pablo Quimbayo.