Artigos de divulgação e educação científica
E conhecereis a verdade de Fleck, e essa vos libertará
- Escrito por Samuel Coelho de Faria

A nossa ciência contemporânea, muito especialmente a ciência brasileira, vem confrontando uma crise pública da verdade. Segundo o jornal Folha de São Paulo, entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018 (período precedente às eleições presidenciais), páginas de notícias falsas e sensacionalistas chegaram a uma taxa de interações aumentada em quase 62%, enquanto que o jornalismo profissional perdeu 17%. Notícias espúrias, no entanto, não são exclusivas das mídias digitais, mas também emblemáticas do Palácio do Planalto ao Kremlin e Salão Oval, ambientes esses que criam e movimentam o nocivo mercado das fake news diante de assuntos como a efetividade das vacinas, o uso de medicamentos ou as mudanças climáticas. Qual a lógica em se advogar por medicamentos sem comprovação científica e atacar a eficácia das vacinas já histórica e cientificamente validada? Quais as razões para a liberação de centenas de agrotóxicos, para o flerte deliberado com companhias de mineração e para a desestruturação de órgãos ambientais?
As diversas formas reprodutivas e de ciclo de vida que fazem do coral-sol uma espécie invasora bem-sucedida
- Escrito por Bruna Luz
Tubastraea coccinea, o popular coral-sol, está entre as espécies invasoras mais bem-sucedidas da atualidade. Nativo da região indo-pacífica (Fenner & Banks 2004), T. coccinea foi introduzido no oceano Atlântico na década de 1940 e desde então tem expandido sua área de ocorrência (Caribe, Golfo do México e Atlântico Sudoeste), sendo atualmente considerado o coral de águas rasas com maior distribuição geográfica conhecida (Creed et al. 2017). No Brasil, T. coccinea foi primeiramente identificado em plataformas de petróleo na Bacia de Campos, Rio de Janeiro, no final da década de 1980 (Castro & Pires 2001), e hoje é reportado em mais de 3.500 km da costa brasileira (de Sergipe à Santa Catarina; Oigman-Pszczol et al. 2017), onde impacta negativamente as comunidades bentônicas (Creed 2006). Além de poder alcançar até 100% de área de cobertura (Mantelatto et al. 2011), o coral-sol compete com espécies nativas (e.g., Palythoa caribaeorum - Luz & Kitahara, 2017) e endêmicas do Brasil, como o coral-cérebro Mussismilia hispida (Lages et al. 2011; Riul et al. 2013; Santos et al. 2013; Miranda et al. 2016).
O coral-sol pode dominar quase que por completo certas áreas do substrato rochoso, como ocorre na Ilha de Búzios, no litoral norte de São Paulo - Foto Leo Francini.
Retirada de corais da costa brasileira: como isso pode ser bom para o ambiente marinho?
- Escrito por Luciano Abel e Kátia Capel
É possível que você já tenha se deparado com alguma notícia, seja na TV, jornal, internet ou outro meio de comunicação, informando que os recifes de coral ao redor do mundo estão morrendo. Não é pra menos, pois problema ambiental é o que não falta: o repertório inclui desde a poluição e acidificação dos oceanos, passando pelas mudanças climáticas e desequilíbrios ecológicos, até dragagens do leito marinho e pesca com explosivos.
Estas atividades humanas são muito impactantes nos oceanos, o que requer, em contrapartida, um enorme esforço de conscientização da população e dos gestores de políticas públicas, bem como de conservação por parte de instituições de manejo e pesquisa do ambiente marinho. Neste contexto, pode ter causado estranheza a veiculação de reportagens mostrando o empenho de ambientalistas e cientistas em retirar corais de alguns locais do litoral brasileiro.
Como os peixes complementam sua alimentação utilizando interações oportunistas
- Escrito por Kelly Y. Inagaki
Interações entre indivíduos estão presentes em todos os grupos de seres vivos e são importantes para manter o funcionamento de um ambiente. Em ecossistemas recifais, a diversidade de organismos possibilita uma diversidade de interações, geralmente associadas à alimentação. Uma delas é denominada interação nuclear-seguidor, onde um peixe nuclear revolve o fundo em busca de comida enquanto outro peixe, o seguidor, se beneficia dos alimentos expostos. Apesar de ser uma interação oportunista, as interações nucleares-seguidores podem indicar importantes características dos peixes e do ambiente em que vivem.
Peixes bons de garfo
- Escrito por Juan Pablo Quimbayo
A 1110 km da costa brasileira, em meio ao oceano Atlântico, ergue-se do fundo do mar o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, o menor arquipélago do Atlântico e o ambiente recifal mais isolado e menos rico do mundo. Apesar do isolamento, o peixe recifal cangulo-preto, Melichthys niger, consegue chegar a essas ilhas e aí estabelecer grandes populações, com mais de 1000 indivíduos.
Cangulo-preto. Foto Juan Pablo Quimbayo (pós-doutorando do CEBIMar e bolsista FAPESP)
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